Maurício Antônio Lopes
Presidente da Embrapa
“Brasil, país continental”. Esta frase, sempre repetida por nós, traz um misto de orgulho e perplexidade diante da dimensão, diversidade e complexidade do imenso território brasileiro. Além da diversidade étnica de mais de 202 milhões de habitantes, o Brasil é feito de múltiplos recortes: seis biomas, cinco regiões, 27 estados, dezenas de metrópoles e 5.570 municípios que se espalham pela imensidão de 8.514.876 km².
O nosso país é isso: grande, complexo, plural. E as maneiras como dividimos e caracterizamos o nosso território nunca bastam. Biomas e outros recortes geográficos são úteis. Nos ajudam a transformar espaços complexos em partes mais compreensíveis e manejáveis. Ainda assim, essas divisões são limitantes para o planejamento de um país continental, inserido em contextos cada vez mais dinâmicos e desafiadores.
Divisões sedimentadas no imaginário dos brasileiros, como “Região Norte”, “Amazônia Legal”, “Semiárido” e outras, ocultam muitas realidades complexas e dificultam o entendimento da diversidade, interações, desafios e possibilidades nesses espaços imensos. Aplicada ao planejamento e à gestão, tal simplificação inibe compreensão e intervenções mais sofisticadas, necessárias para o desenvolvimento sustentável.